Simpnose
Aos 16 anos fui expulso da escola. - nunca vou entender um ensino que expulsa crianças de 16 anos! mas ok, foi a melhor coisa que me aconteceu.... Continuando, depois da escola, a vida não parava e precisava estar a par dos ex colegas. Sem nenhum professor por perto, tive que depender de dicas de amigos, vendedores ambulantes de livros, bibliotecas e acima de tudo do instinto pessoal. Nesse tempo eu lia tudo que me aparecia e essas leituras de qualquer maneira não foram nada benéficas p'ra minha saúde mental. Esta pequena obra fala dos perigos que o autodidacta corre nessa auto-guia e auto disciplina. Gozem! Beijos
Autodidacta
Intro - Não gosto deste nome '' ao aoutodidacta'', não tem graça, não tem charme, é limpo demais, académico demais. Pensei em ''espíritos livres'' como o pateta Nietzsche chamava aos loucos que se apaixonam e se entregam a esta puta chamada conhecimento, mas a expressão ''espíritos livres'' não me deixa a vontade, parece-me pouco original! Ok, pensei em ''buscador de novos mundos'' e também desanimei: é o mais certo mas é longo e também é uma expressão do velho Papini. Enfim, enquanto não me decido vai ficando este nome académico, nada cool p'ra os ouvidos da nossa geração, mas pensando bem, só por desagradar as pessoas do meu tempo, e só por isso, vou deixar assim ficar. Sim, tudo que desagrada ao nosso tempo por regra é bom!
1 - Tanto em casa como na escola ensinam a sermos inteligentes e excelentes no que fazemos mas quase sempre ninguém sabe dizer como chegar a tal excelência e inteligência. O desejo de muitos jovens é serem artistas, serem engenheiros e o meu sonho desde cedo foi o conhecimento. Sim, sempre quis tirar as calcinhas desta puta infiel chamada sociedade. Sempre quis descobrir ou entender algo grandioso que nunca ninguém entendeu antes. Mas ok quando me incentivaram a esta busca pela excelência me falaram só da glória e fazer história e não me alertaram acerca dos perigos desta excursão. Hoje, depois de mais de 10 anos nesta floresta bravia já não sei quem eu sou ou quem eu era e o certo tornou-se incerto e o que era incerto já não é tão incerto assim. O que chamam glória perdeu o seu charme e o que chamam verdadeiro monstrou-se como mentiroso. A luta do dia a dia pelo dinheiro, pelo respeito, pela amada ganharam outro cheiro e o crime e o justo ganharam outro nome.
2 - Autodidacta, em palavras simples, é aquele que busca as coisas por si próprio, não interessa a área . Buscar as coisas por si próprio, sem ninguém do lado para orientar, é difícil! E ser autodidacta é muito perigoso! - Que se afastem as cabeças leves! Que se afastem as raparigas de família! O caminho seguido por aquele que se educa a si próprio pode ser benéfico e ao mesmo tempo super prejudicial. E muitas vezes mostra-se mais prejudicial do que benéfico. Aquele que busca conhecer por si próprio compara-se ao cego preso numa caverna que busca a saída apalpando as paredes. Aquele que busca conhecer por si próprio compara-se ao motoqueiro que na estrada a alta velocidade contra os acidentes tem como para-choque a própria cabeça. E sempre lembrar que o palco do conhecimento é o cérebro. E o cérebro é a bússola do nosso dia a dia. Por tanto, não está p'ra qualquer um fazer experiências com esta cebola chamada cérebro sem esperar que d'algum jeito perca a direcção original. Ser autodidacta é conhecer o fogo queimando, é conhecer o sangue sangrando, é conhecer o prazer e desprazer sentindo: nada de ouvir falar, nada de conselheiros! Está claro: aquele que busca o conhecimento, sozinho, directamente das fontes, corre graves riscos mentais. E destes riscos deves te precaver, quanto a mim já os senti na pele e no sangue....
3 - É hábito santificarmos os mestres do passado e falarmos deles com vénia e admiração mas estes homens de santos e inocentes não têm nada e são até malucos, maldosos e impiedosos! Muito confiantes e habituados a estarem certos não vêm com bons olhos a presença de jovens descrentes. Eles são figuras autoritárias que, naturalmente, aquele que busca por eles, directamente, acaba, sem se aperceber, sendo marioneta deles. Velhos maldosos que são, o maior divertimento deles é gozar com a incapacidade dos mais fracos e robotizar os mais jovens. O autodidacta, sem se aperceber, torna-se escravo destes velhos e quando ele fala, sem se dar conta, fala a partir dele um Hume, fala a partir dele um Sartre. Quando ele escreve, escreve a partir dele um Maquiavel; quando ele pensa, pensa a partir dele um Descartes. E isto já está longe demais do conhecimento são! É muito comum, entre os jovens que buscam o conhecimento, directamente das fontes, sempre que bebem dum certo mestre, automaticamente, inconscientemente, tornarem-se um riacho desse mestre. Quantos jovens autodidactas sofrem dalgum distúrbio mental causado pelos mestres? Quantos jovens, sem se aperceberem, eles mesmos são pequenos Marxs e pequenos Chiavenatos? Aqui está uma doença mental bastante comum no autodidacta de qualquer tempo e de qualquer parte do mundo. O certo seria que os mais novos aprendessem dos velhos mestres e não que se tornassem suas cópias inconscientes. O autodidacta que padece destes distúrbios dificilmente se apercebe e por vezes chega a lançar citações e pensamentos dum certo mestre, confundindo-os com ideias e pensamentos próprios. Certo que o conhecimento são só se obtém bebendo directamente das próprias fontes, sem pontes, sem coadeiras no meio, a questão é: Como beber e comer com estes velhos sádicos, na mesma mesa, sem que sejamos marionetas? É o mesmo que perguntar: como aproveitar somente o sal, da água salgada? Sim, não é tarefa fácil mas nada impossível...
4- É sorte Ricardo, estares hoje são como estás! - sim, isto se assumirmos que estás realmente são! Já que os jovens não têm ainda nem conhecimento suficiente e nem meios para criticarem os velhos mestres, estes malucos, querendo como não, penetram e sem rédeas fazem e desfazem na vida dos jovens. Tu mesmo Ricardo é exemplo vivo disso! Devido a influência autoritária dos velhos mestres perdeste amizades, perdeste amores e te trouxeste dores. Devido a influência deles ganhaste amizades, ganhaste amores e te trouxeste dores. Lembro-me que ainda nos primeiros passos tiveste o azar de conhecer, antes do tempo, o velho mestre Voltaire e o seu Cândido que numa das tiras aconselhavam a se ler somente o que se gosta. E nú, cegamente, literalmente, seguiste o mestre para debilidade da tua saúde mental pois na altura não podias compreender que para se ler, por exemplo, somente o que se gosta tal pessoa deve de antemão ser possuidora d'algum gosto e gosto próprio. Tu não podias compreender que ler-se somente o que se gosta era uma afronta aos que liam por erudição. Em suma p'ra iniciante que eras a famosa fórmula do mestre ao invés de te favorecer encheu-te de reticências contra ler este e aquele assunto. O resultado foi uma ferida na tua jornada pelo conhecimento. E ao invés de te favorecer, usaste a fórmula do mestre para justificar a tua própria fraca vontade pela leitura: tanta coisa paraste de ler! Recordo-me também que quando conheceste o mestre Camus e o seu Estrangeiro, tú mesmo, sem dar por isso, ou dando por isso mas sem forças p'ra lhe fazer frente, te encantaste e te tornaste num pequeno estrangeiro. Te recordas da Zinha? Aquela menina muito bonita, da rua 2, que te queria como namorado? Uma vez perguntou-te: Ricardo o que queres de mim? Queres ficar comigo ou não? Me amas ou não? Na altura, ao jeito daquela lucidez estrangeira, respondeste: eu te quero mas não te amo... quero foder contigo mas não quero namorar contigo… A menina deu-te as costas p'ra nunca mais. E ficaste alone a perguntar se havias feito mal por teres sido honesto. Ficaste a reclamar por que pessoas não suportam a verdade. E claro, na altura culpaste a ela por não te compreender. Mas hoje, voltando àquele tempo, não a posso mais culpar e também não te culpes oh Ricardo pois aquilo não era Ricardo, aquilo não era honestidade, aquilo era o mestre Camus e a sua famosa lucidez a trabalharem! E os exemplos de transformações na tua vida por vias destes velhos mestres são tantas! Te recordas quando conheceste os mestres Marx e Engels? Começaste a detestar os que tinham dinheiro e a ficar do lado dos pobres trabalhadores. Começaste a interessar-se por política, questões sociais e a desenhar revoluções e golpes de estado em nome do povo. Mas engraçado, ninguém do povo te pediu revolução! E por essas ideias atraíste simpatizantes e atraíste inimizades! Traíste amizades e traíste simpatizantes! Conheceste artistas, conheceste activistas. Talvez estes sejam os males necessários para se chegar ao conhecimento são mas se assim for que estejam aqui bem detalhados p'ra que sejam conhecidos pelos que seguem o mesmo caminho e das doenças causadas pela busca dos velhos mestres livrem-se mais habilmente.
5 - Nesta caverna onde todos apalpamos cegamente e na verdade ninguém conhece a saída, conhecerás pessoas que vão garantir conhecer o caminho certo. Vão incitar-te, dentre muitas coisas boas, a ser um homem bem informado… um homem de hoje. Vão incitar-te a ler e saber das coisas, senão por interesse próprio, dizem, pelo menos em nome da cultura, em nome do conhecimento geral, isto é, em nome daquilo que todo cidadão devia saber. Em palavras simples, vão fazer de ti o que chamam homem culto. E se não te interessares pela cultura deles vão te chamar ignorante e vão te afastar das ditas boas conversas e boas companhias. A não ser que sejas um ignorante cheio dos dinheiros. No dia a dia, nem a cultura, nem o conhecimento fazem frente ao dinheiro, aliás são comandados pelos ignorantes que têm o dinheiro. Continuando, homem culto, resumindo, é aquele que está a par das coisas do mundo e todos os assuntos recentes, independentemente da ala, ele pode comentar. Ricardo, em nome do conhecimento, foge desses homens bem informados que sabem tudo via meios de informação! Se o que chamam conhecimento geral faz bem ao homem de sociedade e lhe traz respeito dentre os demais, p'ra homens como tu, já é super prejudicial. Há uma diferença abismal e até hostil entre o conhecimento que se diz geral, em nome da cultura, daquele conhecimento independente que nos amamenta uma nova visão. Toda a informação e formação que se teve ou se tem em nome do conhecimento geral é toda nula para ti oh autodidacta! Aqueles mestres que conheceste em nome da cultura, em nome da formação profissional, melhor lhes visitar uma vez mais com o martelo da verdade pois o homem da cultura usa óculos diferentes de ti autodidacta! O homem da cultura não busca nada p'ra além daquilo que se chama background e nada deve peneirar, pelo contrário, tudo deve absorver e até decorar p'ra em público puder citar e mostrar-se conhecedor da matéria. Diferente olhar tem o autodidacta que em conversa com os grandes mestres busca somente o conhecimento e a satisfação das suas curiosidades pessoais. Você autodidacta, muito cuidadosamente deve peneirar e compreender as coisas do mundo! Podemos assumir que enquanto o homem da cultura tem uma atitude passiva e absorvente perante as obras dos grandes mestres, o autodidacta deve ter uma atitude activa e seleccionista. Assim, os mestres são melhor popularizados pelos homens cultos e melhor compreendidos pelos autodidactas. Assim, os grandes mestres são mais citados pelos homens cultos mas o seu pensamento melhor recriado pelos autodidactas. Aquilo que se chama conhecimento geral não é comida para o autodidacta! Lembrar sempre que em qualquer aprendizado, o que se aprende e não se usa e não se joga fora, ocupa espaço e engorda e mata!
6 - Nesta caverna onde todos apalpamos cegamente e na verdade ninguém conhece a saída, conhecerás muitos que vão garantir conhecer o caminho certo. Vão incitar-te dentre muitas coisas a não sofrer em busca do conhecimento! Vão fazer troça da sua vontade louca de aprender e vão confundir os teus golos. Vão incitar-te a abandonar as visitas difíceis aos mestres e vão apresentar-te aos estudiosos, aos fichagráfos, aos resumistas, aos intérpretes enfim a um monte de coadores. Vão convencer-te que é mais fácil aprender destes do que dos próprios mestres. É certo que os mestres são chatos e muito difíceis de se relacionar com eles mas não existem shortcuts nesta jornada! Mil pessoas conhecem o mesmo mestre e interpretam-no de mil maneiras totalmente diferentes. Também muitas das ideias atribuídas aos mestres na cultura do dia a dia, quando tens a chance de lhes conhecer de perto, conclues quase sempre que os mestres nunca disseram tal coisa ou não era exactamente o que eles queriam dizer. A maneira como cada um vai a uma obra, o aprendizado propriamente dito, são ímpares como a impressão digital e ninguém pode fazer isso por nós. A maneira como vem se passando as obras dos grandes mestres aos jovens, a partir de fichas e resumos, pelo menos nas faculdades nacionais, jamais permitirá o aparecimento dum só homem que se diga dele ao passar: ali está um génio! Se formos a perguntar a qualquer estudante de qualquer faculdade do país que esteja, por exemplo, na área da economia se ele conhece a obra do mestre Marx, o estudante, todo confiante, dirá que sim; a obra do mestre John Forbes Nash, o estudante dirá também que sim e será até capaz de interpretar tais obras de maneira convincente. Mas se fores um pouco malicioso e desconfiado do nosso estudante, poderás perguntar: que obras dos mestres Marx e John Nash o senhor já leu? A esta pergunta simples o estudante responderá com muito argumento e pouca farinha pois nunca estivera mano-a-mano com nenhum dos mestres. Tudo que ele sabe ou julga saber bebeu de resumos e compêndios, enfim bebeu de terceiros. O nosso ensino, pelo menos como está hoje, não é caminho para o autodidacta. Nas faculdades nacionais o conhecimento é uma religião e os docentes são os padres e bispos. Nas faculdades nacionais os mestres são santidades que não podem ser afrontadas. Diga-se o que se quiser, nas nossas faculdades, o docente é um pequeno Hitler e a sala de aulas o seu reich. Em verdade falei desnecessariamente deste assunto pois está tudo transparente como o ar: a ideia das faculdades é a formação profissional e não o conhecimento. Ricardo, seu burro, idiota!
7 - Nesta caverna onde todos apalpamos cegamente e na verdade ninguém conhece a saída, conhecerás muitos que vão garantir conhecer o caminho certo. Vão incitar-te dentre muitas coisas a teres um professor. A ideia do docente como o homem que passa o conhecimento ao descente já carrega consigo muitos males. A natureza da própria posição do docente não permite que o descente saiba mais do que ele sem que isso cause um mal-estar na posição da docência. No dia a dia são muitos os casos de descentes que entraram em problemas com os seus docentes por supostamente fazerem-se de sabichões. E uma vez mais desculpem-me a confusão: eu é que estou a falar de coisas sem necessidade. O docente é p'ra ensinar e o descente é p'ra aprender e é tudo. Quem não está satisfeito que busque outras maneiras! O docente não é nenhum sábio e nunca quis e nem nunca fingiu ser, ele está a trabalhar! Veja claramente no inglês onde o teacher é possuidor do verbo to teach e o learner ou student são possuidores do verbo to learn, to study. O professor jamais engravidará ao estudante de conhecimento ou curiosidade (conhecimento e curiosidade dá no mesmo). Ele não serve p'ra si oh autodidacta! O mestre é o caminho certo para aquele que busca conhecer as coisas! Diferente do docente, o mestre não ensina, ele desperta o sentido das coisas no seu pupilo. Diferente do docente, o mestre não é um murro por atravessar, ele é o caminho que mostra outros vários caminhos e cabe ao pupilo seguir o seu próprio. Diferente do docente, o mestre olha para o seu pupilo com o desejo deste amanhã fazer melhor que ele e lhe superar. Diferente do docente que não tem nenhuma relação com o descente a não ser a profissional, o mestre tem um bond até a morte com o pupilo. Diferente do docente que se encara a si próprio como uma pessoa separada e irresponsável pelo futuro dos descentes, o mestre encherga no pupilo o herdeiro da sua vontade. Autodidacta por que perder tempo a ingerir fast foods? Fuja dos teachers e chega-se aos mestres que são masters em alguma coisa.
8 - É celebre o dito que atribuem a um velho mestre da Grécia chamado Sócrates: só sei que nada sei. E dizem que este velho era mestre em engravidar os autodidactas. Não sei de que maneira este mestre servia de parteiro de conhecimento aos jovens do seu tempo mas acho que achei nesta famosa fórmula ''só sei que nada sei'' uma maneira de usa-la pelo menos para limpar o terreno baldio e comprometido onde queremos edificar as nossas casotas do conhecimento são. E de que maneira? É comum, por exemplo, teres o teu nome, os teus pais, a tua nacionalidade, a tua raça e etc como dados inquestionáveis. Mas se formos cientes de que nada sabemos iremos a toda essa rede de dados inquestionáveis com um pincel bem fino e faremos a limpeza das poeiras. Sim, é necessário seguir as origens, redefinirmos e definirmos tudo por nós mesmos! Nada de é óbvio! Termos desconhecidos aqui, definições incertas ali, dúvidas de lá são dos maiores perigos para o conhecimento. Ao ouvirmos falar do mestre Marx, por exemplo, antes de chegarmos a casa dele, vão ecoar-nos primeiro as imagens do que aprendemos na escola como Comunismo, Socialismo e vamos encher a boca a comentar sobre as suas ideias. Mas aquele que levar em conta o só sei que nada sei do mestre Grego não vai se atrever a dizer que sabe o que é o comunismo ou Socialismo antes de ouvir o que o próprio mestre Marx diz dos seus próprios filhos. É comum, por exemplo, pensarmos que todos muçulmanos são extremistas; todos os negros Africanos são pobres; todos os Americanos são ricos; todos os brancos são racistas. Enfim o autodidacta que sabe que nada sabe não se vai deter nestas imagens lançadas nos nossos cérebros, ele irá fundo em qualquer assunto para obter conhecimento honesto pois aquele que constrói em terra movediça, por mais linda e luxuosa que seja a casa, não vale nada.
9 - Muitas vezes o que diferencia o impacto do trabalho dum criador não é exactamente a falta de inteligência ou talento mas sim o tipo e o nível de campo em que cada um joga. O nível de inteligência que se aplica no fabrico dum doce ou elástico pode ser o mesmo ou superior ao que se aplica no fabrico dum avião ou duma arma nuclear. - A consciência deste facto ajudará o autodidacta a reconhecer melhor as mentes brilhantes, independentemente da área em que jogam. Na verdade o génio não é coisa tão rara assim, raro é surgirem génios nas poucas áreas que escolhemos como dignas de génios. Eu, por exemplo, conheci muitos génios no dia a dia, apenas não são famosos! Aplicam seu génio nos seus interesses, p'ra nós nada interessantes!
10 - Falei antes como o famoso dito do mestre Voltaire só leio o que me agrada acabou me metendo em apuros. E são muitos os mestres do nosso próprio tempo que aconselham a evitar a erudição. Quanto a nós autodidactas aconselho a fórmula que aprendi duma colega chamada Inês: vou aprender de todas as oportunidades possíveis! Isto é, independentemente donde a vida nos lançar, vamos encarar esses acontecimentos como uma chance de aprendermos algo que ainda não sabíamos. Na verdade, depois de muito tempo seguindo os velhos mestres, algo ficou mais do que claro: a fonte mãe do conhecimento é a própria vida que vivemos, no nosso dia a dia. Essas coisas, p'ra ti insignificantes, que fazes todos os dias são o próprio mel! As melhores ideias são as ideias que formamos no nosso dia a dia, as melhores piadas são as que antes de escrevermos alegram os nossos amigos e familiares. Dos velhos mestres chatos, o que eles podem dar que ninguém mais pode, é o meio de sugar o mel que temos nas nossas vidas. Sim, os velhos mestres devem ser o meio e não o fim. Conhecimento como fim ele mesmo, vale muito pouco!
11 - Todos nós gostaríamos de ser e ter ideias originais. Então vamos ao encontro dos mestres inquietos e ávidos por refutar esta e aquela maneira de ver as coisas. Vamos para casa dos mestres muito sérios, em busca do útil ou inútil nas obras deles. Acredito que a melhor maneira de ter uma conversa frutífera com os mestres seja chegando-se a eles sorridente e sem nenhuma outra pretensão na manga para além da curiosidade. Como já disse antes e talvez não tenha ficado claro: curiosidade é conhecimento. Todos que seguiram esta dama interessante mas arrepiadora chamada Curiosidade, sem falha, chegaram ao seu marido chamado Conhecimento. Daniel Day Lewis, o último mestre vivo da encenação, quando questionado sobre como ele trabalha, como ele cria os seus personagens, ele apenas disse: I just follow my curiosity... It takes me to strange places! Isso mesmo! Quando vamos a casa dos mestres não devemos buscar nada mais do que uma boa conversa e sempre com um sorriso nos lábios. Aquele que se dirigir aos mestres já com a mente feita de pretensões, apanhará tudo aquilo que ele mesmo busca mas perderá de vista o que mais importa. Aquele que por exemplo subir as montanhas em busca do mestre Nietzsche, a procura de maldade nele, encontrará muita maldade neste homem; aquele que for a procura de poesia neste mestre, achará igualmente muita música na alma deste mestre; e aquele que for a busca de humor nele, achará igualmente um humor espectacular no mestre. Depois de muito tempo na saia dos mestres, prefiro não ler as suas obras, prefiro não lhes refutar ou aprovar. Não busco nada neles além duma boa conversa! Sim, é exactamente isso que estou a dizer: quando vais de encontro aos mestres, não leve pão, não leve água e nem suas ideias na bagagem, leve a penas a curiosidade que é a melhor arma de todas.
12 - Quando és um autodidacta amante de altos voos, certamente vais ouvir advertências sobre não visitar este e aquele mestre porque supostamente são contraditórios, supostamente são da direita, supostamente são racistas, supostamente são demoníacos e etc. Engraçado e não são estas, qualidades Humanas? E não rotulam assim a cada um de nós, mesmo sem querer? Estranho, nunca achei contradição ou racismo em nenhum mestre! Apenas vejo desenvolvimento de ideias, mudanças de opiniões, preconceitos e limitação deste e daquele mestre mas contradição como tal jamais encontrei. Ora a vida é contraditória ela mesma, aliás, falei mal, a contradição já é algo da própria vida e na verdade mesmo na vida não existe contradição nenhuma. Se existe contradição é aparentemente, supostamente mas a vida no seu backstage é clara deste o nascimento ao fim: autoconservação. O resto são luzes coloridas p'ra aqueles que gostam de shows. Continuando com a contradição, é comum ouvires um velho mestre a jurar que ama a esposa e dia seguinte o mestre vem aos gritos a dizer que odeia a mesma esposa que amava no dia anterior e no terceiro dia o mesmo mestre se dobra de joelhos e pede perdão por que ama demais a mesma esposa. O leitor que só pode ver a cara e não o coração dirá logo que esse mestre não é sério, ele é contraditório. Mas se fores um pouco a fundo e leres a situação pelo backstage, como deve fazer o autodidacta, não encontrarás nehuma contradição pois o motivo do comportamento do mestre, desde o primeiro dia ao último é sempre o mesmo: no caso, manter a mulher com ele. E cá por mim detesto os mestres que não se contradizem, não mentem e não se enganam pois eles não são Humanos e como nenhum mestre, para além do mestre Nietzsche, foi acima do Humano, logo todos eles são cães e gatos.
13 - Falei mais acima, da tendência maquinadora que os grandes mestres têm sobre quem procura por eles directamente. Falei de casos de jovens que depois de conhecerem o mestre Friedman, por exemplo, eles mesmos, sem se aperceberem, tornaram-se uma prolongação das ideias deste mestre. Como remédio a doenças deste tipo aconselho a visitarmos, alternadamente, vários mestres ao mesmo tempo, desta feita se evita a monopolização da nossa mente por um único mestre. Eu mesmo quando estou a conversar com o mestre Weber tenho uma tendência, involuntária, de pensar e falar no ritmo deste mestre. Quando saio da casa do mestre Eurípedes tenho uma tendência a cantar como este velho mestre. Estas tendências por vezes levam muito tempo a sumirem-se, dependendo da maneira como as conversas directas com o mestre tomaram conta da nossa personalidade e claramente dependendo da personalidade de cada um de nós. Quanto maior as afinidades e objetivos comuns tivermos com um certo mestre mais facilmente tomará controle do nosso cerebro e mais dificilmente nos largará. Sobre estes danos serem comuns entre aqueles que buscam o conhecimento directamente das fontes, tenho o testemunho do grande mestre Nietzsche que falou-me, pessoalmente, ter sido durante muito tempo, influenciado por um outro mestre do seu tempo chamado Shopenhauer. Para depois, mais tarde, lavar-se da influência de Shopenhauer , a partir da influência dum outro mestre chamado Wagner. E para depois, muito mais tarde, livrar-se da influência do mestre Wagner, por si próprio, via os famosos escritos Contra Wagner. Contra estes males involuntários que são a morte certa para o autodidacta também achei remédios semelhantes aos do mestre Nietzsche, apenas conscientes e automatizados. Sabendo-se que as longas conversas com um dado mestre podem envenenar-nos o cérebro e usurparem-nos as personalidades, será sempre melhor conversar-se com muitos mestres ao mesmo tempo e alternadamente, como disse antes. O autodidata que conversar com um certo mestre e depois conversar com um outro mestre e depois deste visitar ainda um outro mestre e assim sucessivamente, escapará das doenças de usurpação de personalidade pois o seu cérebro não terá o tempo e nem a disposição necessárias para a idolatria: este sentimento que corrói a visão certa para o caminho certo. Este sistema, em traços gerais, é o mesmo usado pelos grandes criadores de todos os tempos que têm o bom hábito de criar várias obras ao mesmo tempo, evitando-se assim o tédio e a obliquidade causados pelos trabalhos contínuos e centrados numa e única obra. Desta maneira não só o autodidata como também os grandes mestres não têm nem o tempo e nem a entrega necessárias para o hipnotismo. E o autodidacta, por sua vez, sem dar por isso, enriquece mais rápido pois as ideias dos vários e diferentes mestres com quem tem conversado entram e anulam-se por si própias dentro do seu cérebro. A outra maneira, também eficaz, de evitar-se o hipnotismo dos grandes mestres é a maneira dos contrários que consiste em visitar um certo mestre e alternadamente visitar a casa do seu maior inimigo ou adversário. P'ra aquele que vai a casa destes gigantes rivais carregando a bandeira só sei que nada sei, destas conversas com mestres adversos enriquecerá mais rápido pois da batalha entre dois gigantes quem ganha é o espectador. Atenção que estes rémdios não servem p'ra todos homens e nem p'ra todos os tempos!
14 - Hoje em dia poucos sabemos ler e dos poucos que sabemos ler pouquíssimos sabemos ler os mestres. Normalmente as obras de qualquer mestre fazem parte dum plano pessoal e foram edificadas e lançadas de acordo com um propósito, a não ser que tenha havido uma força maior ou que tenham sido obras póstumas por isso que é sempre bom duvidar destas. Acredito que a ordem das obras desde o primeiro ao último lançamento, desde a primeira a última página, foram organizadas conscientemente de acordo com um certo propósito. E hoje atrevermo-nos a ir a uma certa obra e dela tirarmos umas páginas ou uns excertos e dizermos de boca cheia que toda a obra do mestre resume-se nestas e naquelas páginas. Recordo-me quando fui a casa do mestre Nicolau a procura do Príncipe e o mestre muito humildemente disse que o Príncipe já estava a espera de mim mas aconselhava a falar antes com o Discursos de Tito Líbios que depois voltaria ao Príncipe. Segui as ordens indicadas pelo mestre p'ra minha felicidade. Ao autodidata aconselho sempre que possível a ouvir toda a obra do mestre desde a primeira a última e a ler sempre em ordem cronológica da mais antiga a mais recente, salvo indicação contrária do propósito mestre ou impossibilidade. Ao autodidacta, diferente dos escolásticos e docentes, aconselho a pronunciar-se com cautela antes de conversar directamente com o mestre pois entre os mestres, muitas vezes, a primeira obra não define a sua última e a sua última não define a sua primeira e nem uma das suas obras define toda a sua obra no conjunto e nem uma das suas obras ou todas elas juntas definem a vida do mestre como pessoa. Muitos poucos mestres falaram do que queriam ou como queriam, muitos deles escreveram o que deviam! Com o tempo há ideias que os mestres vão rectificando, outras corroborando e outras mais invalidando. E aquele que não acompanhar cautelosamente estes passos não estará a par destas mudanças, para a sua própria doença. Recordo-me da vez que estava procurando pelo O Milionário Mora ao Lado, do mestre Thomas Stanley. Cheguei-me a um expert do assunto, marquei um meeting com O Milionário Mora ao Lado e o expert ao ouvido, como se fosse um segredo, aconselhou-me a conhecer o Pare de Agir Como Rico, que era uma renovação do Milionário Mora ao Lado, que eu estava procurando. Aconselhou-me mais, dizendo que conhecendo o Pare de Agir Como Rico já não era necessário conhecer O Milionário Mora ao Lado. Totalmente errado! Não dei ouvidos ao expert! Se este mestre dos nossos tempos decidiu escrever O Milionário Morra ao Lado e em seguida decidiu melhorar as ideias deste com o Pare de Agir Como Rico, engana-se a dobrar quem pensar que terá o mel das duas obras apenas conhecendo uma delas. Na verdade, compreender essa evolução ou mudança de ideias é o próprio mel. É por esta razão que o autodidacta sempre aprende mais com uma autobiografia sincera do que com as própias obras e aprende melhor vendo o mestre em batalha do que ouvindo falar das batalhas dele.
15 - O autodidcta não deve ser uma cabra que somente se alimenta de capim. O autodidacta deve ser um porco que come tudo pela frente! Ele deve aprender de todas as chances que puder. E o aprendizado não é apenas feito de leitura. Aliás, sempre se aprendeu menos com leitura: a leitura apenas confirma. Aprende-se no trabalho, aprende-se no mercado, aprende-se no bar, aprende-se com criminosos, aprende-se com prostitutas e etc. Quanto mais te relacionas e conversas com os mestres, se for da maneira certa, não precisas fazer nada a mais, que a tua visão das coisas e as tuas próprios pensamentos crescem e tornam-se guerreiros fortes, de escudo e espada na mão. Claro, diferente deste patetas actuais dum celular no bolso e uma pistola automática na mão! Quanto mais conversas com os mestres, a tua preferência, automaticamente, sem te dares conta, se mostra e naturalmente aparece a tua inclinacão. Sim, não precisas te atormentar em saber qual a tua inclinacão natural, o que tu és, o que defendes e etc. Tudo isso, antes de te dares conta, já está definido no seu traço, apenas ficas consciente com o tempo.... Sim, não te batas com se autodefinir ou se autoconhecer.... isso é o de menos... tenta relaxar e gozar o seu sofrimento
16 - Parte mais chata da leitura é ler com agrado o que vem de ti mesmo, pelo menos p'ra mim...
17 - São tantas as coisas que dificultam as conversas com os mestres e dentre essas coisas uma delas é o estilo do próprio mestre. Cada mestre, involuntariamente, tem a sua maneira própria de expressar-se e aquele que embalar-se na maneira característica de falar do mestre não terá muitas dificuldades em compreender-lhe. Há mestres que falam pausadamente, há os que falam pesadamente. Há os que fazem as coisas rapidamente, há os que não gostam de falar e preferem cantar. Se o mestre que fala pausadamente for obrigado a falar rapidamente o entendimento da sua obra sera dificultado. Se o mestre que fala pesadamente for obrigado a falar levemente o entendimento da sua obra também sera dificultado. E quando aquele mestre que canta é obrigado a falar o resultado é uma catástrofe. O autodidata deve falar com o mestre como ele gosta de ser ouvido! Ele deve aprender a acompanhar e amar a música do mestre. Se assim fosse a poesia antiga seria das obras mais consumidas pelos cientistas e por aqueles que se chamam de pessoas práticas! Mas como estes homens práticos de hoje não sabem cantar e não sabem dançar logo não compreendem a praticidade por detrás da música antiga. E como em geral muitas poucas pessoas ainda sabem cantar, isto está uma confusao! Quantas obras os tradutores alteraram o estado de alma original gerando uma salada malariosa no sentido? Sim, meu jovem, é isso mesmo: o estado de alma de uma obra está directamente relacionada com o seu sentido. Quando se tira o estilo propricio a obra, ela fica nua e envergonhada, com uma mão na vagina e outra no anus.
18 - Todo o autodidacta principiante comete, com razão, os seguintes erros: desprezar os mestres mais jovens, preferindo os mais velhos; desprezar os mestres de tempos mais recentes, preferindo os mais antigos; desprezar os mestres contra as seus caprichos pessoais, preferindo os que ele aprova; desprezar os mestres mais odiados, preferindo os mais amados. Em geral nenhum tempo consegue dar a devida apreciação ao que ele mesmo produz. Em geral nenhum verdadeiro criador tem espectadores no seu tempo. Por isso aconselho ao autodidataa a não buscar nomes e nem bandeiras e sim a buscar mestres. Afinal como sabiam os antigos, mesmo dois inimigos podem aprender um com o outro!
19 - É comum o iniciante que procura fazer-se na área da literatura visitar apenas os mestres da área e aquele que procura fazer-se na história ou na política conversar apenas os mestres da história e da política. Então quando convidas a ele a conversar com um mestre da pornografia, por exemplo, vais lhe ouvir responder: não tenho nada a prender com ele... essa não é minha área! Mas oh eu tenho uma maneira própria de ver as coisas: não existe uma literatura não-política; não existe uma história não-literária. Não existe uma política não-histórica e vice-versa. O interessado em literatura por exemplo vai admirar o estilo do mestre Maquiavel, o interessado em história vai no mesmo mestre encontrar os dados que precisa nele e o interessado em política ao mesmo tempo encontrará o que precisa. O autodidacta esperto já compreendeu que entenderá sobre religião conversando sobre economia, entenderá sobre politica dum lugar conversando com os comerciantes desse lugar e entenderá sobre história dum povo sem precisar cavar e sem precisar generalizar a vida do lugar a partir dos restos mortais dum padre. Ele entenderá melhor a história do lugar simplesmente conversando com os nativos do lugar. Como tenho dito, os miudos lêm livros e nós os mais velhos lemos a vida! Fica esperto rapaz!
20 - É comum julgarmos o potencial dum certo mestre pela sua aplicabilidade no dia a dia e então tendemos a glorificar os mestres que foram aplicados na prática em detrimento dos que não foram ou não sço aplicáveis. Chamo atenção ao perigo de se julgar a excelência dos mestres por estas maneiras baixas e injustas. A aplicação ou não das ideias dum certo mestre dependem mais de factores externos que pouco têm a ver com o poder do seu génio. E muitas das coisas grandiosas que têm os nomes dos mestres colados, são executadas previamente e apenas usam-se os nomes destes como autoridades. Sim, um novo projecto que vai melhorar o mundo! soa bem mas um novo projecto, baseado em Davinci, que vai mudar o mundo! tem mais aceitação social. Enfim, considerar o génio dos mestres pelo lado certo ou errado, preto ou branco, útil ou inútil, pra além de muito injusto não tem charme, não anima! Está certo que vocês palhaços de hoje estão pouco se lixando com o charme, desde que tenham uns trocados no bolso, infelizmente ainda existem pessoas como Ricardo p'ra as quais o charme sombrio e o mau nome ainda carregam o seu brilho.
21 - A árvore do conhecimento da nossa civilização, melhor, da actual civilização, vista de perto, lembra as árvores milenares das florestas da Amazônia, em que só o tronco é do tamanho dum apartamento inteiro. E os ramos então? Grandes como braços que tocam os céus! E as folhas então? Verdes e grandes, exibindo que a árvore goza de muita boa saúde. Mas há algo de mau cheiro com a árvore do conhecimento! Sim, o problema é a raíz! A raíz é tão fraca que custa a acreditar que uma árvore frondosa se alimente tão mal! Toda esta árvore glamorosa, orgulho de geração após geração, está enraizada nas costas de apenas dois homens comuns: o vovó Aristóteles e o tio Platão. Meu Deus quanta imprudência! Um mundo todo foi criado sobre quatro pernas e perdemos o tempo discutindo as folhas e os ramos. e se aparecesse um genio maldoso, como ja nao aparece ha muito, e corasse duma so vez as 4 pernihas dos velhos? sera que todo mundo desabava? Acredito sim! que lindo seria, que barrulho! Segundo o mestre Deidara are e uma exolosao e essa seria uma arte inesquecivel. Que alguem nos conceda essa visao!
22 - Mais sobre o vovó Aristóteles e o tio Platão, sempre que converso com eles certas perguntas ficam não respondidas e eles se recusam a responder. Fica aquele clima de conversa em que quando mandas uma pergunta que não devia, ao invés de respostas, és logo acusado. Está bem, mas a pergunta é muito simles e inofensiva: se a religião cristã, como se diz, eliminou todos os vestígios de pensamentos contrários durante a sua ascençã, how the hell os mestres Platão e Aristóteles chegaram ate nós e ainda bonitinhos? Terão escapado ou terão sido poupados? Muitos argumentam que escaparam, e nao chegaram tao bonitinhos como parece, na verdade so nos cheram pates ds corpos que depois foram reconstruidos com fezes de cavalos e de burros pois grande parte dos corpos foram queimados pelo cristianismo. P'ra mim, depois das conversas directas com estes vovos, depois de olhar pra a natureza deles e o foco deles esta mais do que claro que foram poupados. Sim, os velhos mestres fizeram um pacto com o demonio e enganaram geracao apos geracao e enquanto os cientistas se revoltamvam contra a igreja eles estavam la dentro esconditos e saiam pelas portas dos fundos e juntavam-se aos cientistas pra lutar contra a igreja. Ahhhh
23 - Mais ainda sobre a origem desta arvore frondosa da civilizacao actual. toda ela esta acete sobre uma pedaco de terra que virado prao Egipto que chaam Grecia antiga. E izem que existiu a 1100 ac do cristo nos meus calculos isso da no maximo 3500 anaod de ca pra la. visto assim ate parece muito mas o tempoe uma coisa muito simple. se considerarmos que cada 100 anos sao compostas por duas geracoes seguidas entao logo podemos concluir que a grecia existiu a apenas 70 geracaoes seguidas, ainda que concluissimos que cada 100 anos vivem 3 geracoes de home na mesma de hoje pra o tempo greco seriam apenas 105 geracoes.... e olhando pra as imagens dos tempos antigos e como vivemos hoje nao faz sentido. 1 - se voce tem acima d 30 anos ja se apercebeu que inventa-se muita coisinha sem sentido, pinta-se com novas cores mas a base do mundo nao muda. as ciodes do mundo sao as mesmas ha mais d 30 anos, o significa que naomudsram muito nem a masis e 50 anos e nem amais de 100 anos. sim nao fa sentido
24 - Vovo Aristoteles e o tio platao nao sao antigos assim ao ponto de lhes chamarmos de antiguidade, talvez seja bastante atigo pra os mestres Sartres e companhia mas pra mim parecem bebes.... preciso realmente antigo... Criancas nao!
25 - É crença geral hoje que o conhecimento está a disposição de todos e só não o obtém quem que não se esforça. Mas a realidade mostra-nos cores totalmente diferentes: o conhecimento não está e não deve estar a disposição de todos! Ele está organizado em pequenas doses que pertencem a pequenas facções que não o compartilham com ninguém. Fabricar um carro, fabricar um robot ou uma máquina a vapor não são tarefas difíceis e nem inteligentes mas as organizações que detém esse conhecimento não o colocam a disposição, muito pelo contrário, desviam a maioria da direcção certa e tornam esse pequeno saber inacessível e importante. Vistas as coisas por este lado, conclui-se facilmente que a obtenção de conhecimento não é tarefa difícil e o conhecimento nem é o poder que tanto se canta. O problema são os segredos que abundam neste mundo! até a produção dum msimples refrigerante é considerado um grande segredo.
26 - depois do que leu no capitulo acima deve estar a dizer que sabia que o conhecimento do mundo esta guardado detre pequenas faccoes que nao o revelam a ninguem. tambem passei por esse caminho e busquei por tais faccoes mas uma menina chamada Irene deu-me um toque na testa e ficou claro pra mim. Minha avo viveu mais de 100 anos, viagei por zonas fora das cidades e tudo ficou claro: neste mundo ninguem sabe nada. sim, ate as faccoes que fazem parecer ter o conhecimento, teo o poder em pensarmos que tem o conhecimento mas elas mesmas nao sabem nada deste mundo. o que fizemos ontem, o que fizemos durante o dia de antes de ontem, ja nao nos recordamso cmletamente e ninguem sabe nada destas coisas... estamos todos na escuridao... o fim da lina da busca pelo conhecimento, se for pelo caminho certo, sera conclusao socratica ja generalizada, isto e: so sei que nsda sabemos
27 - Perdi tempo, falei demais e apenas provei que nada sei pois aquele que sabem um pouco já nemm falam, mantem-se sempre em silêncio. sim quando sabes pouco falas, e quando sabes um pouco mais escreves e quando verdadeirament sabes te calas, nao vale a pena! Sim ja posso sair da floresta bravia, ja se faz luz pra mim. Atencao que o sol nao mudou, o mundo nao mudo, os meus olhos e os meus sentidos e que mudaram. terao ficado agucados, terao ficado embrutecidos? nao sei dizer, depende de que lado estas... o certo e que mudara... Oh sou tao diferente de ti e tu tao diferente de mim oh amigo mas no inicio e no fim todos iguais. talvez o conhecimento seja conhecer as limitacoes do homem, so um tolo ainda acredita na canca da ciencia de sem limites, super homem e etc.... Sim, consciente dos meu limites posso viver livremente e sem temer, posso nao ser enganado, posso advinhar as possibilidades... e nao ha nada de especial nisso: apenas estou feliz! sim, esta deve ser a tal felicidade vinda da serenidade filosofica, seja como for que fique claro que a felecidade e um conhecimento e nao um sentimento. Todos que buscaram a felicidade no sentimento so conheceram a desilusao mas os que buscaram a puta chamada conhecimento e no fim acaharam a ultima porta das traseiras, seja como for aprenderam a serem felizes
Fintro - Aquele que sabe sente pena dos demais e naturalmente torna-se boa pessoa! Sim, só os sábios podem ser realmente bons, a bondade não é um sentimento, ela é uma sabedoria e o resto que ves no nosso dia a dia que se chama altruísmo não passa de politica e publicidade.
1 - Tanto em casa como na escola ensinam a sermos inteligentes e excelentes no que fazemos mas quase sempre ninguém sabe dizer como chegar a tal excelência e inteligência. O desejo de muitos jovens é serem artistas, serem engenheiros e o meu sonho desde cedo foi o conhecimento. Sim, sempre quis tirar as calcinhas desta puta infiel chamada sociedade. Sempre quis descobrir ou entender algo grandioso que nunca ninguém entendeu antes. Mas ok quando me incentivaram a esta busca pela excelência me falaram só da glória e fazer história e não me alertaram acerca dos perigos desta excursão. Hoje, depois de mais de 10 anos nesta floresta bravia já não sei quem eu sou ou quem eu era e o certo tornou-se incerto e o que era incerto já não é tão incerto assim. O que chamam glória perdeu o seu charme e o que chamam verdadeiro monstrou-se como mentiroso. A luta do dia a dia pelo dinheiro, pelo respeito, pela amada ganharam outro cheiro e o crime e o justo ganharam outro nome.
2 - Autodidacta, em palavras simples, é aquele que busca as coisas por si próprio, não interessa a área . Buscar as coisas por si próprio, sem ninguém do lado para orientar, é difícil! E ser autodidacta é muito perigoso! - Que se afastem as cabeças leves! Que se afastem as raparigas de família! O caminho seguido por aquele que se educa a si próprio pode ser benéfico e ao mesmo tempo super prejudicial. E muitas vezes mostra-se mais prejudicial do que benéfico. Aquele que busca conhecer por si próprio compara-se ao cego preso numa caverna que busca a saída apalpando as paredes. Aquele que busca conhecer por si próprio compara-se ao motoqueiro que na estrada a alta velocidade contra os acidentes tem como para-choque a própria cabeça. E sempre lembrar que o palco do conhecimento é o cérebro. E o cérebro é a bússola do nosso dia a dia. Por tanto, não está p'ra qualquer um fazer experiências com esta cebola chamada cérebro sem esperar que d'algum jeito perca a direcção original. Ser autodidacta é conhecer o fogo queimando, é conhecer o sangue sangrando, é conhecer o prazer e desprazer sentindo: nada de ouvir falar, nada de conselheiros! Está claro: aquele que busca o conhecimento, sozinho, directamente das fontes, corre graves riscos mentais. E destes riscos deves te precaver, quanto a mim já os senti na pele e no sangue....
3 - É hábito santificarmos os mestres do passado e falarmos deles com vénia e admiração mas estes homens de santos e inocentes não têm nada e são até malucos, maldosos e impiedosos! Muito confiantes e habituados a estarem certos não vêm com bons olhos a presença de jovens descrentes. Eles são figuras autoritárias que, naturalmente, aquele que busca por eles, directamente, acaba, sem se aperceber, sendo marioneta deles. Velhos maldosos que são, o maior divertimento deles é gozar com a incapacidade dos mais fracos e robotizar os mais jovens. O autodidacta, sem se aperceber, torna-se escravo destes velhos e quando ele fala, sem se dar conta, fala a partir dele um Hume, fala a partir dele um Sartre. Quando ele escreve, escreve a partir dele um Maquiavel; quando ele pensa, pensa a partir dele um Descartes. E isto já está longe demais do conhecimento são! É muito comum, entre os jovens que buscam o conhecimento, directamente das fontes, sempre que bebem dum certo mestre, automaticamente, inconscientemente, tornarem-se um riacho desse mestre. Quantos jovens autodidactas sofrem dalgum distúrbio mental causado pelos mestres? Quantos jovens, sem se aperceberem, eles mesmos são pequenos Marxs e pequenos Chiavenatos? Aqui está uma doença mental bastante comum no autodidacta de qualquer tempo e de qualquer parte do mundo. O certo seria que os mais novos aprendessem dos velhos mestres e não que se tornassem suas cópias inconscientes. O autodidacta que padece destes distúrbios dificilmente se apercebe e por vezes chega a lançar citações e pensamentos dum certo mestre, confundindo-os com ideias e pensamentos próprios. Certo que o conhecimento são só se obtém bebendo directamente das próprias fontes, sem pontes, sem coadeiras no meio, a questão é: Como beber e comer com estes velhos sádicos, na mesma mesa, sem que sejamos marionetas? É o mesmo que perguntar: como aproveitar somente o sal, da água salgada? Sim, não é tarefa fácil mas nada impossível...
4- É sorte Ricardo, estares hoje são como estás! - sim, isto se assumirmos que estás realmente são! Já que os jovens não têm ainda nem conhecimento suficiente e nem meios para criticarem os velhos mestres, estes malucos, querendo como não, penetram e sem rédeas fazem e desfazem na vida dos jovens. Tu mesmo Ricardo é exemplo vivo disso! Devido a influência autoritária dos velhos mestres perdeste amizades, perdeste amores e te trouxeste dores. Devido a influência deles ganhaste amizades, ganhaste amores e te trouxeste dores. Lembro-me que ainda nos primeiros passos tiveste o azar de conhecer, antes do tempo, o velho mestre Voltaire e o seu Cândido que numa das tiras aconselhavam a se ler somente o que se gosta. E nú, cegamente, literalmente, seguiste o mestre para debilidade da tua saúde mental pois na altura não podias compreender que para se ler, por exemplo, somente o que se gosta tal pessoa deve de antemão ser possuidora d'algum gosto e gosto próprio. Tu não podias compreender que ler-se somente o que se gosta era uma afronta aos que liam por erudição. Em suma p'ra iniciante que eras a famosa fórmula do mestre ao invés de te favorecer encheu-te de reticências contra ler este e aquele assunto. O resultado foi uma ferida na tua jornada pelo conhecimento. E ao invés de te favorecer, usaste a fórmula do mestre para justificar a tua própria fraca vontade pela leitura: tanta coisa paraste de ler! Recordo-me também que quando conheceste o mestre Camus e o seu Estrangeiro, tú mesmo, sem dar por isso, ou dando por isso mas sem forças p'ra lhe fazer frente, te encantaste e te tornaste num pequeno estrangeiro. Te recordas da Zinha? Aquela menina muito bonita, da rua 2, que te queria como namorado? Uma vez perguntou-te: Ricardo o que queres de mim? Queres ficar comigo ou não? Me amas ou não? Na altura, ao jeito daquela lucidez estrangeira, respondeste: eu te quero mas não te amo... quero foder contigo mas não quero namorar contigo… A menina deu-te as costas p'ra nunca mais. E ficaste alone a perguntar se havias feito mal por teres sido honesto. Ficaste a reclamar por que pessoas não suportam a verdade. E claro, na altura culpaste a ela por não te compreender. Mas hoje, voltando àquele tempo, não a posso mais culpar e também não te culpes oh Ricardo pois aquilo não era Ricardo, aquilo não era honestidade, aquilo era o mestre Camus e a sua famosa lucidez a trabalharem! E os exemplos de transformações na tua vida por vias destes velhos mestres são tantas! Te recordas quando conheceste os mestres Marx e Engels? Começaste a detestar os que tinham dinheiro e a ficar do lado dos pobres trabalhadores. Começaste a interessar-se por política, questões sociais e a desenhar revoluções e golpes de estado em nome do povo. Mas engraçado, ninguém do povo te pediu revolução! E por essas ideias atraíste simpatizantes e atraíste inimizades! Traíste amizades e traíste simpatizantes! Conheceste artistas, conheceste activistas. Talvez estes sejam os males necessários para se chegar ao conhecimento são mas se assim for que estejam aqui bem detalhados p'ra que sejam conhecidos pelos que seguem o mesmo caminho e das doenças causadas pela busca dos velhos mestres livrem-se mais habilmente.
5 - Nesta caverna onde todos apalpamos cegamente e na verdade ninguém conhece a saída, conhecerás pessoas que vão garantir conhecer o caminho certo. Vão incitar-te, dentre muitas coisas boas, a ser um homem bem informado… um homem de hoje. Vão incitar-te a ler e saber das coisas, senão por interesse próprio, dizem, pelo menos em nome da cultura, em nome do conhecimento geral, isto é, em nome daquilo que todo cidadão devia saber. Em palavras simples, vão fazer de ti o que chamam homem culto. E se não te interessares pela cultura deles vão te chamar ignorante e vão te afastar das ditas boas conversas e boas companhias. A não ser que sejas um ignorante cheio dos dinheiros. No dia a dia, nem a cultura, nem o conhecimento fazem frente ao dinheiro, aliás são comandados pelos ignorantes que têm o dinheiro. Continuando, homem culto, resumindo, é aquele que está a par das coisas do mundo e todos os assuntos recentes, independentemente da ala, ele pode comentar. Ricardo, em nome do conhecimento, foge desses homens bem informados que sabem tudo via meios de informação! Se o que chamam conhecimento geral faz bem ao homem de sociedade e lhe traz respeito dentre os demais, p'ra homens como tu, já é super prejudicial. Há uma diferença abismal e até hostil entre o conhecimento que se diz geral, em nome da cultura, daquele conhecimento independente que nos amamenta uma nova visão. Toda a informação e formação que se teve ou se tem em nome do conhecimento geral é toda nula para ti oh autodidacta! Aqueles mestres que conheceste em nome da cultura, em nome da formação profissional, melhor lhes visitar uma vez mais com o martelo da verdade pois o homem da cultura usa óculos diferentes de ti autodidacta! O homem da cultura não busca nada p'ra além daquilo que se chama background e nada deve peneirar, pelo contrário, tudo deve absorver e até decorar p'ra em público puder citar e mostrar-se conhecedor da matéria. Diferente olhar tem o autodidacta que em conversa com os grandes mestres busca somente o conhecimento e a satisfação das suas curiosidades pessoais. Você autodidacta, muito cuidadosamente deve peneirar e compreender as coisas do mundo! Podemos assumir que enquanto o homem da cultura tem uma atitude passiva e absorvente perante as obras dos grandes mestres, o autodidacta deve ter uma atitude activa e seleccionista. Assim, os mestres são melhor popularizados pelos homens cultos e melhor compreendidos pelos autodidactas. Assim, os grandes mestres são mais citados pelos homens cultos mas o seu pensamento melhor recriado pelos autodidactas. Aquilo que se chama conhecimento geral não é comida para o autodidacta! Lembrar sempre que em qualquer aprendizado, o que se aprende e não se usa e não se joga fora, ocupa espaço e engorda e mata!
6 - Nesta caverna onde todos apalpamos cegamente e na verdade ninguém conhece a saída, conhecerás muitos que vão garantir conhecer o caminho certo. Vão incitar-te dentre muitas coisas a não sofrer em busca do conhecimento! Vão fazer troça da sua vontade louca de aprender e vão confundir os teus golos. Vão incitar-te a abandonar as visitas difíceis aos mestres e vão apresentar-te aos estudiosos, aos fichagráfos, aos resumistas, aos intérpretes enfim a um monte de coadores. Vão convencer-te que é mais fácil aprender destes do que dos próprios mestres. É certo que os mestres são chatos e muito difíceis de se relacionar com eles mas não existem shortcuts nesta jornada! Mil pessoas conhecem o mesmo mestre e interpretam-no de mil maneiras totalmente diferentes. Também muitas das ideias atribuídas aos mestres na cultura do dia a dia, quando tens a chance de lhes conhecer de perto, conclues quase sempre que os mestres nunca disseram tal coisa ou não era exactamente o que eles queriam dizer. A maneira como cada um vai a uma obra, o aprendizado propriamente dito, são ímpares como a impressão digital e ninguém pode fazer isso por nós. A maneira como vem se passando as obras dos grandes mestres aos jovens, a partir de fichas e resumos, pelo menos nas faculdades nacionais, jamais permitirá o aparecimento dum só homem que se diga dele ao passar: ali está um génio! Se formos a perguntar a qualquer estudante de qualquer faculdade do país que esteja, por exemplo, na área da economia se ele conhece a obra do mestre Marx, o estudante, todo confiante, dirá que sim; a obra do mestre John Forbes Nash, o estudante dirá também que sim e será até capaz de interpretar tais obras de maneira convincente. Mas se fores um pouco malicioso e desconfiado do nosso estudante, poderás perguntar: que obras dos mestres Marx e John Nash o senhor já leu? A esta pergunta simples o estudante responderá com muito argumento e pouca farinha pois nunca estivera mano-a-mano com nenhum dos mestres. Tudo que ele sabe ou julga saber bebeu de resumos e compêndios, enfim bebeu de terceiros. O nosso ensino, pelo menos como está hoje, não é caminho para o autodidacta. Nas faculdades nacionais o conhecimento é uma religião e os docentes são os padres e bispos. Nas faculdades nacionais os mestres são santidades que não podem ser afrontadas. Diga-se o que se quiser, nas nossas faculdades, o docente é um pequeno Hitler e a sala de aulas o seu reich. Em verdade falei desnecessariamente deste assunto pois está tudo transparente como o ar: a ideia das faculdades é a formação profissional e não o conhecimento. Ricardo, seu burro, idiota!
7 - Nesta caverna onde todos apalpamos cegamente e na verdade ninguém conhece a saída, conhecerás muitos que vão garantir conhecer o caminho certo. Vão incitar-te dentre muitas coisas a teres um professor. A ideia do docente como o homem que passa o conhecimento ao descente já carrega consigo muitos males. A natureza da própria posição do docente não permite que o descente saiba mais do que ele sem que isso cause um mal-estar na posição da docência. No dia a dia são muitos os casos de descentes que entraram em problemas com os seus docentes por supostamente fazerem-se de sabichões. E uma vez mais desculpem-me a confusão: eu é que estou a falar de coisas sem necessidade. O docente é p'ra ensinar e o descente é p'ra aprender e é tudo. Quem não está satisfeito que busque outras maneiras! O docente não é nenhum sábio e nunca quis e nem nunca fingiu ser, ele está a trabalhar! Veja claramente no inglês onde o teacher é possuidor do verbo to teach e o learner ou student são possuidores do verbo to learn, to study. O professor jamais engravidará ao estudante de conhecimento ou curiosidade (conhecimento e curiosidade dá no mesmo). Ele não serve p'ra si oh autodidacta! O mestre é o caminho certo para aquele que busca conhecer as coisas! Diferente do docente, o mestre não ensina, ele desperta o sentido das coisas no seu pupilo. Diferente do docente, o mestre não é um murro por atravessar, ele é o caminho que mostra outros vários caminhos e cabe ao pupilo seguir o seu próprio. Diferente do docente, o mestre olha para o seu pupilo com o desejo deste amanhã fazer melhor que ele e lhe superar. Diferente do docente que não tem nenhuma relação com o descente a não ser a profissional, o mestre tem um bond até a morte com o pupilo. Diferente do docente que se encara a si próprio como uma pessoa separada e irresponsável pelo futuro dos descentes, o mestre encherga no pupilo o herdeiro da sua vontade. Autodidacta por que perder tempo a ingerir fast foods? Fuja dos teachers e chega-se aos mestres que são masters em alguma coisa.
8 - É celebre o dito que atribuem a um velho mestre da Grécia chamado Sócrates: só sei que nada sei. E dizem que este velho era mestre em engravidar os autodidactas. Não sei de que maneira este mestre servia de parteiro de conhecimento aos jovens do seu tempo mas acho que achei nesta famosa fórmula ''só sei que nada sei'' uma maneira de usa-la pelo menos para limpar o terreno baldio e comprometido onde queremos edificar as nossas casotas do conhecimento são. E de que maneira? É comum, por exemplo, teres o teu nome, os teus pais, a tua nacionalidade, a tua raça e etc como dados inquestionáveis. Mas se formos cientes de que nada sabemos iremos a toda essa rede de dados inquestionáveis com um pincel bem fino e faremos a limpeza das poeiras. Sim, é necessário seguir as origens, redefinirmos e definirmos tudo por nós mesmos! Nada de é óbvio! Termos desconhecidos aqui, definições incertas ali, dúvidas de lá são dos maiores perigos para o conhecimento. Ao ouvirmos falar do mestre Marx, por exemplo, antes de chegarmos a casa dele, vão ecoar-nos primeiro as imagens do que aprendemos na escola como Comunismo, Socialismo e vamos encher a boca a comentar sobre as suas ideias. Mas aquele que levar em conta o só sei que nada sei do mestre Grego não vai se atrever a dizer que sabe o que é o comunismo ou Socialismo antes de ouvir o que o próprio mestre Marx diz dos seus próprios filhos. É comum, por exemplo, pensarmos que todos muçulmanos são extremistas; todos os negros Africanos são pobres; todos os Americanos são ricos; todos os brancos são racistas. Enfim o autodidacta que sabe que nada sabe não se vai deter nestas imagens lançadas nos nossos cérebros, ele irá fundo em qualquer assunto para obter conhecimento honesto pois aquele que constrói em terra movediça, por mais linda e luxuosa que seja a casa, não vale nada.
9 - Muitas vezes o que diferencia o impacto do trabalho dum criador não é exactamente a falta de inteligência ou talento mas sim o tipo e o nível de campo em que cada um joga. O nível de inteligência que se aplica no fabrico dum doce ou elástico pode ser o mesmo ou superior ao que se aplica no fabrico dum avião ou duma arma nuclear. - A consciência deste facto ajudará o autodidacta a reconhecer melhor as mentes brilhantes, independentemente da área em que jogam. Na verdade o génio não é coisa tão rara assim, raro é surgirem génios nas poucas áreas que escolhemos como dignas de génios. Eu, por exemplo, conheci muitos génios no dia a dia, apenas não são famosos! Aplicam seu génio nos seus interesses, p'ra nós nada interessantes!
10 - Falei antes como o famoso dito do mestre Voltaire só leio o que me agrada acabou me metendo em apuros. E são muitos os mestres do nosso próprio tempo que aconselham a evitar a erudição. Quanto a nós autodidactas aconselho a fórmula que aprendi duma colega chamada Inês: vou aprender de todas as oportunidades possíveis! Isto é, independentemente donde a vida nos lançar, vamos encarar esses acontecimentos como uma chance de aprendermos algo que ainda não sabíamos. Na verdade, depois de muito tempo seguindo os velhos mestres, algo ficou mais do que claro: a fonte mãe do conhecimento é a própria vida que vivemos, no nosso dia a dia. Essas coisas, p'ra ti insignificantes, que fazes todos os dias são o próprio mel! As melhores ideias são as ideias que formamos no nosso dia a dia, as melhores piadas são as que antes de escrevermos alegram os nossos amigos e familiares. Dos velhos mestres chatos, o que eles podem dar que ninguém mais pode, é o meio de sugar o mel que temos nas nossas vidas. Sim, os velhos mestres devem ser o meio e não o fim. Conhecimento como fim ele mesmo, vale muito pouco!
11 - Todos nós gostaríamos de ser e ter ideias originais. Então vamos ao encontro dos mestres inquietos e ávidos por refutar esta e aquela maneira de ver as coisas. Vamos para casa dos mestres muito sérios, em busca do útil ou inútil nas obras deles. Acredito que a melhor maneira de ter uma conversa frutífera com os mestres seja chegando-se a eles sorridente e sem nenhuma outra pretensão na manga para além da curiosidade. Como já disse antes e talvez não tenha ficado claro: curiosidade é conhecimento. Todos que seguiram esta dama interessante mas arrepiadora chamada Curiosidade, sem falha, chegaram ao seu marido chamado Conhecimento. Daniel Day Lewis, o último mestre vivo da encenação, quando questionado sobre como ele trabalha, como ele cria os seus personagens, ele apenas disse: I just follow my curiosity... It takes me to strange places! Isso mesmo! Quando vamos a casa dos mestres não devemos buscar nada mais do que uma boa conversa e sempre com um sorriso nos lábios. Aquele que se dirigir aos mestres já com a mente feita de pretensões, apanhará tudo aquilo que ele mesmo busca mas perderá de vista o que mais importa. Aquele que por exemplo subir as montanhas em busca do mestre Nietzsche, a procura de maldade nele, encontrará muita maldade neste homem; aquele que for a procura de poesia neste mestre, achará igualmente muita música na alma deste mestre; e aquele que for a busca de humor nele, achará igualmente um humor espectacular no mestre. Depois de muito tempo na saia dos mestres, prefiro não ler as suas obras, prefiro não lhes refutar ou aprovar. Não busco nada neles além duma boa conversa! Sim, é exactamente isso que estou a dizer: quando vais de encontro aos mestres, não leve pão, não leve água e nem suas ideias na bagagem, leve a penas a curiosidade que é a melhor arma de todas.
12 - Quando és um autodidacta amante de altos voos, certamente vais ouvir advertências sobre não visitar este e aquele mestre porque supostamente são contraditórios, supostamente são da direita, supostamente são racistas, supostamente são demoníacos e etc. Engraçado e não são estas, qualidades Humanas? E não rotulam assim a cada um de nós, mesmo sem querer? Estranho, nunca achei contradição ou racismo em nenhum mestre! Apenas vejo desenvolvimento de ideias, mudanças de opiniões, preconceitos e limitação deste e daquele mestre mas contradição como tal jamais encontrei. Ora a vida é contraditória ela mesma, aliás, falei mal, a contradição já é algo da própria vida e na verdade mesmo na vida não existe contradição nenhuma. Se existe contradição é aparentemente, supostamente mas a vida no seu backstage é clara deste o nascimento ao fim: autoconservação. O resto são luzes coloridas p'ra aqueles que gostam de shows. Continuando com a contradição, é comum ouvires um velho mestre a jurar que ama a esposa e dia seguinte o mestre vem aos gritos a dizer que odeia a mesma esposa que amava no dia anterior e no terceiro dia o mesmo mestre se dobra de joelhos e pede perdão por que ama demais a mesma esposa. O leitor que só pode ver a cara e não o coração dirá logo que esse mestre não é sério, ele é contraditório. Mas se fores um pouco a fundo e leres a situação pelo backstage, como deve fazer o autodidacta, não encontrarás nehuma contradição pois o motivo do comportamento do mestre, desde o primeiro dia ao último é sempre o mesmo: no caso, manter a mulher com ele. E cá por mim detesto os mestres que não se contradizem, não mentem e não se enganam pois eles não são Humanos e como nenhum mestre, para além do mestre Nietzsche, foi acima do Humano, logo todos eles são cães e gatos.
13 - Falei mais acima, da tendência maquinadora que os grandes mestres têm sobre quem procura por eles directamente. Falei de casos de jovens que depois de conhecerem o mestre Friedman, por exemplo, eles mesmos, sem se aperceberem, tornaram-se uma prolongação das ideias deste mestre. Como remédio a doenças deste tipo aconselho a visitarmos, alternadamente, vários mestres ao mesmo tempo, desta feita se evita a monopolização da nossa mente por um único mestre. Eu mesmo quando estou a conversar com o mestre Weber tenho uma tendência, involuntária, de pensar e falar no ritmo deste mestre. Quando saio da casa do mestre Eurípedes tenho uma tendência a cantar como este velho mestre. Estas tendências por vezes levam muito tempo a sumirem-se, dependendo da maneira como as conversas directas com o mestre tomaram conta da nossa personalidade e claramente dependendo da personalidade de cada um de nós. Quanto maior as afinidades e objetivos comuns tivermos com um certo mestre mais facilmente tomará controle do nosso cerebro e mais dificilmente nos largará. Sobre estes danos serem comuns entre aqueles que buscam o conhecimento directamente das fontes, tenho o testemunho do grande mestre Nietzsche que falou-me, pessoalmente, ter sido durante muito tempo, influenciado por um outro mestre do seu tempo chamado Shopenhauer. Para depois, mais tarde, lavar-se da influência de Shopenhauer , a partir da influência dum outro mestre chamado Wagner. E para depois, muito mais tarde, livrar-se da influência do mestre Wagner, por si próprio, via os famosos escritos Contra Wagner. Contra estes males involuntários que são a morte certa para o autodidacta também achei remédios semelhantes aos do mestre Nietzsche, apenas conscientes e automatizados. Sabendo-se que as longas conversas com um dado mestre podem envenenar-nos o cérebro e usurparem-nos as personalidades, será sempre melhor conversar-se com muitos mestres ao mesmo tempo e alternadamente, como disse antes. O autodidata que conversar com um certo mestre e depois conversar com um outro mestre e depois deste visitar ainda um outro mestre e assim sucessivamente, escapará das doenças de usurpação de personalidade pois o seu cérebro não terá o tempo e nem a disposição necessárias para a idolatria: este sentimento que corrói a visão certa para o caminho certo. Este sistema, em traços gerais, é o mesmo usado pelos grandes criadores de todos os tempos que têm o bom hábito de criar várias obras ao mesmo tempo, evitando-se assim o tédio e a obliquidade causados pelos trabalhos contínuos e centrados numa e única obra. Desta maneira não só o autodidata como também os grandes mestres não têm nem o tempo e nem a entrega necessárias para o hipnotismo. E o autodidacta, por sua vez, sem dar por isso, enriquece mais rápido pois as ideias dos vários e diferentes mestres com quem tem conversado entram e anulam-se por si própias dentro do seu cérebro. A outra maneira, também eficaz, de evitar-se o hipnotismo dos grandes mestres é a maneira dos contrários que consiste em visitar um certo mestre e alternadamente visitar a casa do seu maior inimigo ou adversário. P'ra aquele que vai a casa destes gigantes rivais carregando a bandeira só sei que nada sei, destas conversas com mestres adversos enriquecerá mais rápido pois da batalha entre dois gigantes quem ganha é o espectador. Atenção que estes rémdios não servem p'ra todos homens e nem p'ra todos os tempos!
14 - Hoje em dia poucos sabemos ler e dos poucos que sabemos ler pouquíssimos sabemos ler os mestres. Normalmente as obras de qualquer mestre fazem parte dum plano pessoal e foram edificadas e lançadas de acordo com um propósito, a não ser que tenha havido uma força maior ou que tenham sido obras póstumas por isso que é sempre bom duvidar destas. Acredito que a ordem das obras desde o primeiro ao último lançamento, desde a primeira a última página, foram organizadas conscientemente de acordo com um certo propósito. E hoje atrevermo-nos a ir a uma certa obra e dela tirarmos umas páginas ou uns excertos e dizermos de boca cheia que toda a obra do mestre resume-se nestas e naquelas páginas. Recordo-me quando fui a casa do mestre Nicolau a procura do Príncipe e o mestre muito humildemente disse que o Príncipe já estava a espera de mim mas aconselhava a falar antes com o Discursos de Tito Líbios que depois voltaria ao Príncipe. Segui as ordens indicadas pelo mestre p'ra minha felicidade. Ao autodidata aconselho sempre que possível a ouvir toda a obra do mestre desde a primeira a última e a ler sempre em ordem cronológica da mais antiga a mais recente, salvo indicação contrária do propósito mestre ou impossibilidade. Ao autodidacta, diferente dos escolásticos e docentes, aconselho a pronunciar-se com cautela antes de conversar directamente com o mestre pois entre os mestres, muitas vezes, a primeira obra não define a sua última e a sua última não define a sua primeira e nem uma das suas obras define toda a sua obra no conjunto e nem uma das suas obras ou todas elas juntas definem a vida do mestre como pessoa. Muitos poucos mestres falaram do que queriam ou como queriam, muitos deles escreveram o que deviam! Com o tempo há ideias que os mestres vão rectificando, outras corroborando e outras mais invalidando. E aquele que não acompanhar cautelosamente estes passos não estará a par destas mudanças, para a sua própria doença. Recordo-me da vez que estava procurando pelo O Milionário Mora ao Lado, do mestre Thomas Stanley. Cheguei-me a um expert do assunto, marquei um meeting com O Milionário Mora ao Lado e o expert ao ouvido, como se fosse um segredo, aconselhou-me a conhecer o Pare de Agir Como Rico, que era uma renovação do Milionário Mora ao Lado, que eu estava procurando. Aconselhou-me mais, dizendo que conhecendo o Pare de Agir Como Rico já não era necessário conhecer O Milionário Mora ao Lado. Totalmente errado! Não dei ouvidos ao expert! Se este mestre dos nossos tempos decidiu escrever O Milionário Morra ao Lado e em seguida decidiu melhorar as ideias deste com o Pare de Agir Como Rico, engana-se a dobrar quem pensar que terá o mel das duas obras apenas conhecendo uma delas. Na verdade, compreender essa evolução ou mudança de ideias é o próprio mel. É por esta razão que o autodidacta sempre aprende mais com uma autobiografia sincera do que com as própias obras e aprende melhor vendo o mestre em batalha do que ouvindo falar das batalhas dele.
15 - O autodidcta não deve ser uma cabra que somente se alimenta de capim. O autodidacta deve ser um porco que come tudo pela frente! Ele deve aprender de todas as chances que puder. E o aprendizado não é apenas feito de leitura. Aliás, sempre se aprendeu menos com leitura: a leitura apenas confirma. Aprende-se no trabalho, aprende-se no mercado, aprende-se no bar, aprende-se com criminosos, aprende-se com prostitutas e etc. Quanto mais te relacionas e conversas com os mestres, se for da maneira certa, não precisas fazer nada a mais, que a tua visão das coisas e as tuas próprios pensamentos crescem e tornam-se guerreiros fortes, de escudo e espada na mão. Claro, diferente deste patetas actuais dum celular no bolso e uma pistola automática na mão! Quanto mais conversas com os mestres, a tua preferência, automaticamente, sem te dares conta, se mostra e naturalmente aparece a tua inclinacão. Sim, não precisas te atormentar em saber qual a tua inclinacão natural, o que tu és, o que defendes e etc. Tudo isso, antes de te dares conta, já está definido no seu traço, apenas ficas consciente com o tempo.... Sim, não te batas com se autodefinir ou se autoconhecer.... isso é o de menos... tenta relaxar e gozar o seu sofrimento
16 - Parte mais chata da leitura é ler com agrado o que vem de ti mesmo, pelo menos p'ra mim...
17 - São tantas as coisas que dificultam as conversas com os mestres e dentre essas coisas uma delas é o estilo do próprio mestre. Cada mestre, involuntariamente, tem a sua maneira própria de expressar-se e aquele que embalar-se na maneira característica de falar do mestre não terá muitas dificuldades em compreender-lhe. Há mestres que falam pausadamente, há os que falam pesadamente. Há os que fazem as coisas rapidamente, há os que não gostam de falar e preferem cantar. Se o mestre que fala pausadamente for obrigado a falar rapidamente o entendimento da sua obra sera dificultado. Se o mestre que fala pesadamente for obrigado a falar levemente o entendimento da sua obra também sera dificultado. E quando aquele mestre que canta é obrigado a falar o resultado é uma catástrofe. O autodidata deve falar com o mestre como ele gosta de ser ouvido! Ele deve aprender a acompanhar e amar a música do mestre. Se assim fosse a poesia antiga seria das obras mais consumidas pelos cientistas e por aqueles que se chamam de pessoas práticas! Mas como estes homens práticos de hoje não sabem cantar e não sabem dançar logo não compreendem a praticidade por detrás da música antiga. E como em geral muitas poucas pessoas ainda sabem cantar, isto está uma confusao! Quantas obras os tradutores alteraram o estado de alma original gerando uma salada malariosa no sentido? Sim, meu jovem, é isso mesmo: o estado de alma de uma obra está directamente relacionada com o seu sentido. Quando se tira o estilo propricio a obra, ela fica nua e envergonhada, com uma mão na vagina e outra no anus.
18 - Todo o autodidacta principiante comete, com razão, os seguintes erros: desprezar os mestres mais jovens, preferindo os mais velhos; desprezar os mestres de tempos mais recentes, preferindo os mais antigos; desprezar os mestres contra as seus caprichos pessoais, preferindo os que ele aprova; desprezar os mestres mais odiados, preferindo os mais amados. Em geral nenhum tempo consegue dar a devida apreciação ao que ele mesmo produz. Em geral nenhum verdadeiro criador tem espectadores no seu tempo. Por isso aconselho ao autodidataa a não buscar nomes e nem bandeiras e sim a buscar mestres. Afinal como sabiam os antigos, mesmo dois inimigos podem aprender um com o outro!
19 - É comum o iniciante que procura fazer-se na área da literatura visitar apenas os mestres da área e aquele que procura fazer-se na história ou na política conversar apenas os mestres da história e da política. Então quando convidas a ele a conversar com um mestre da pornografia, por exemplo, vais lhe ouvir responder: não tenho nada a prender com ele... essa não é minha área! Mas oh eu tenho uma maneira própria de ver as coisas: não existe uma literatura não-política; não existe uma história não-literária. Não existe uma política não-histórica e vice-versa. O interessado em literatura por exemplo vai admirar o estilo do mestre Maquiavel, o interessado em história vai no mesmo mestre encontrar os dados que precisa nele e o interessado em política ao mesmo tempo encontrará o que precisa. O autodidacta esperto já compreendeu que entenderá sobre religião conversando sobre economia, entenderá sobre politica dum lugar conversando com os comerciantes desse lugar e entenderá sobre história dum povo sem precisar cavar e sem precisar generalizar a vida do lugar a partir dos restos mortais dum padre. Ele entenderá melhor a história do lugar simplesmente conversando com os nativos do lugar. Como tenho dito, os miudos lêm livros e nós os mais velhos lemos a vida! Fica esperto rapaz!
20 - É comum julgarmos o potencial dum certo mestre pela sua aplicabilidade no dia a dia e então tendemos a glorificar os mestres que foram aplicados na prática em detrimento dos que não foram ou não sço aplicáveis. Chamo atenção ao perigo de se julgar a excelência dos mestres por estas maneiras baixas e injustas. A aplicação ou não das ideias dum certo mestre dependem mais de factores externos que pouco têm a ver com o poder do seu génio. E muitas das coisas grandiosas que têm os nomes dos mestres colados, são executadas previamente e apenas usam-se os nomes destes como autoridades. Sim, um novo projecto que vai melhorar o mundo! soa bem mas um novo projecto, baseado em Davinci, que vai mudar o mundo! tem mais aceitação social. Enfim, considerar o génio dos mestres pelo lado certo ou errado, preto ou branco, útil ou inútil, pra além de muito injusto não tem charme, não anima! Está certo que vocês palhaços de hoje estão pouco se lixando com o charme, desde que tenham uns trocados no bolso, infelizmente ainda existem pessoas como Ricardo p'ra as quais o charme sombrio e o mau nome ainda carregam o seu brilho.
21 - A árvore do conhecimento da nossa civilização, melhor, da actual civilização, vista de perto, lembra as árvores milenares das florestas da Amazônia, em que só o tronco é do tamanho dum apartamento inteiro. E os ramos então? Grandes como braços que tocam os céus! E as folhas então? Verdes e grandes, exibindo que a árvore goza de muita boa saúde. Mas há algo de mau cheiro com a árvore do conhecimento! Sim, o problema é a raíz! A raíz é tão fraca que custa a acreditar que uma árvore frondosa se alimente tão mal! Toda esta árvore glamorosa, orgulho de geração após geração, está enraizada nas costas de apenas dois homens comuns: o vovó Aristóteles e o tio Platão. Meu Deus quanta imprudência! Um mundo todo foi criado sobre quatro pernas e perdemos o tempo discutindo as folhas e os ramos. e se aparecesse um genio maldoso, como ja nao aparece ha muito, e corasse duma so vez as 4 pernihas dos velhos? sera que todo mundo desabava? Acredito sim! que lindo seria, que barrulho! Segundo o mestre Deidara are e uma exolosao e essa seria uma arte inesquecivel. Que alguem nos conceda essa visao!
22 - Mais sobre o vovó Aristóteles e o tio Platão, sempre que converso com eles certas perguntas ficam não respondidas e eles se recusam a responder. Fica aquele clima de conversa em que quando mandas uma pergunta que não devia, ao invés de respostas, és logo acusado. Está bem, mas a pergunta é muito simles e inofensiva: se a religião cristã, como se diz, eliminou todos os vestígios de pensamentos contrários durante a sua ascençã, how the hell os mestres Platão e Aristóteles chegaram ate nós e ainda bonitinhos? Terão escapado ou terão sido poupados? Muitos argumentam que escaparam, e nao chegaram tao bonitinhos como parece, na verdade so nos cheram pates ds corpos que depois foram reconstruidos com fezes de cavalos e de burros pois grande parte dos corpos foram queimados pelo cristianismo. P'ra mim, depois das conversas directas com estes vovos, depois de olhar pra a natureza deles e o foco deles esta mais do que claro que foram poupados. Sim, os velhos mestres fizeram um pacto com o demonio e enganaram geracao apos geracao e enquanto os cientistas se revoltamvam contra a igreja eles estavam la dentro esconditos e saiam pelas portas dos fundos e juntavam-se aos cientistas pra lutar contra a igreja. Ahhhh
23 - Mais ainda sobre a origem desta arvore frondosa da civilizacao actual. toda ela esta acete sobre uma pedaco de terra que virado prao Egipto que chaam Grecia antiga. E izem que existiu a 1100 ac do cristo nos meus calculos isso da no maximo 3500 anaod de ca pra la. visto assim ate parece muito mas o tempoe uma coisa muito simple. se considerarmos que cada 100 anos sao compostas por duas geracoes seguidas entao logo podemos concluir que a grecia existiu a apenas 70 geracaoes seguidas, ainda que concluissimos que cada 100 anos vivem 3 geracoes de home na mesma de hoje pra o tempo greco seriam apenas 105 geracoes.... e olhando pra as imagens dos tempos antigos e como vivemos hoje nao faz sentido. 1 - se voce tem acima d 30 anos ja se apercebeu que inventa-se muita coisinha sem sentido, pinta-se com novas cores mas a base do mundo nao muda. as ciodes do mundo sao as mesmas ha mais d 30 anos, o significa que naomudsram muito nem a masis e 50 anos e nem amais de 100 anos. sim nao fa sentido
24 - Vovo Aristoteles e o tio platao nao sao antigos assim ao ponto de lhes chamarmos de antiguidade, talvez seja bastante atigo pra os mestres Sartres e companhia mas pra mim parecem bebes.... preciso realmente antigo... Criancas nao!
25 - É crença geral hoje que o conhecimento está a disposição de todos e só não o obtém quem que não se esforça. Mas a realidade mostra-nos cores totalmente diferentes: o conhecimento não está e não deve estar a disposição de todos! Ele está organizado em pequenas doses que pertencem a pequenas facções que não o compartilham com ninguém. Fabricar um carro, fabricar um robot ou uma máquina a vapor não são tarefas difíceis e nem inteligentes mas as organizações que detém esse conhecimento não o colocam a disposição, muito pelo contrário, desviam a maioria da direcção certa e tornam esse pequeno saber inacessível e importante. Vistas as coisas por este lado, conclui-se facilmente que a obtenção de conhecimento não é tarefa difícil e o conhecimento nem é o poder que tanto se canta. O problema são os segredos que abundam neste mundo! até a produção dum msimples refrigerante é considerado um grande segredo.
26 - depois do que leu no capitulo acima deve estar a dizer que sabia que o conhecimento do mundo esta guardado detre pequenas faccoes que nao o revelam a ninguem. tambem passei por esse caminho e busquei por tais faccoes mas uma menina chamada Irene deu-me um toque na testa e ficou claro pra mim. Minha avo viveu mais de 100 anos, viagei por zonas fora das cidades e tudo ficou claro: neste mundo ninguem sabe nada. sim, ate as faccoes que fazem parecer ter o conhecimento, teo o poder em pensarmos que tem o conhecimento mas elas mesmas nao sabem nada deste mundo. o que fizemos ontem, o que fizemos durante o dia de antes de ontem, ja nao nos recordamso cmletamente e ninguem sabe nada destas coisas... estamos todos na escuridao... o fim da lina da busca pelo conhecimento, se for pelo caminho certo, sera conclusao socratica ja generalizada, isto e: so sei que nsda sabemos
27 - Perdi tempo, falei demais e apenas provei que nada sei pois aquele que sabem um pouco já nemm falam, mantem-se sempre em silêncio. sim quando sabes pouco falas, e quando sabes um pouco mais escreves e quando verdadeirament sabes te calas, nao vale a pena! Sim ja posso sair da floresta bravia, ja se faz luz pra mim. Atencao que o sol nao mudou, o mundo nao mudo, os meus olhos e os meus sentidos e que mudaram. terao ficado agucados, terao ficado embrutecidos? nao sei dizer, depende de que lado estas... o certo e que mudara... Oh sou tao diferente de ti e tu tao diferente de mim oh amigo mas no inicio e no fim todos iguais. talvez o conhecimento seja conhecer as limitacoes do homem, so um tolo ainda acredita na canca da ciencia de sem limites, super homem e etc.... Sim, consciente dos meu limites posso viver livremente e sem temer, posso nao ser enganado, posso advinhar as possibilidades... e nao ha nada de especial nisso: apenas estou feliz! sim, esta deve ser a tal felicidade vinda da serenidade filosofica, seja como for que fique claro que a felecidade e um conhecimento e nao um sentimento. Todos que buscaram a felicidade no sentimento so conheceram a desilusao mas os que buscaram a puta chamada conhecimento e no fim acaharam a ultima porta das traseiras, seja como for aprenderam a serem felizes
Fintro - Aquele que sabe sente pena dos demais e naturalmente torna-se boa pessoa! Sim, só os sábios podem ser realmente bons, a bondade não é um sentimento, ela é uma sabedoria e o resto que ves no nosso dia a dia que se chama altruísmo não passa de politica e publicidade.